Matéria publicada no Jornal Folha de Boa Vista, dia 29/01/2010, pela jornalista Vanessa Brandão
Foto: Jorge Macêdo
Equipe é recebida pelo tuxaua da comunidade
A equipe de produção do documentário esteve presente na comunidade localizada na terra indígena São Marcos, com todo o aparato tecnológico para promover uma sessão de cinema especial e registrar as reações e opiniões dos telespectadores.
O índio macuxi Manoel Rodrigues, um dos mais antigos da comunidade, revelou a satisfação de ver seu povo na tela. “É uma alegria ver o filme sobre Roraima e ver as pessoas da nossa comunidade. Nós participamos das filmagens há quase um ano e agora pudemos assistir tudo”, disse.
A indígena Jucélia Saldanha disse ter gostado de assistir ao documentário, mas não se acostumou com a ideia de se ver na tela. “O filme é legal, mas não gostei muito de me ver não”, afirmou a esposa do tuxaua Edilson Magalhães, revelando timidez à reação animada da comunidade, ao vê-la preparando a damorida com o cantor Neuber Uchôa.
“Fiquei feliz em retornar com o documentário pronto. Era o mínimo que poderíamos fazer em respeito a este povo tradicional que nos oportunizou registrar suas riquezas naturais e culturais que tanto inspiram o trabalho do Roraimeira e as nossas produções audiovisuais”, destacou o diretor Thiago Chaves Briglia.
A convite da produção do documentário, o indígena Cristino Wapichana participou da visita para mostrar seu trabalho artístico. O músico apresentou duas músicas na língua wapichana, convocou a comunidade à valorização de suas tradições e presenteou a criançada contando histórias escritas por ele, inspiradas nas lendas indígenas.
Cristino doou para a comunidade um exemplar do livro de sua autoria “A Onça e o Fogo”, Editora Amarilys, e foi responsável por entregar um violão como símbolo da relação da equipe do documentário com a comunidade. “Temos a proposta de registrar num futuro próximo a musicalidade existente nas comunidades indígenas de Roraima, e a presença do Cristino é uma referência para estimular a preservação destes saberes artísticos”, reforçou o Briglia, revelando o tema de uma de suas próximas produções.
O diretor de fotografia do documentário, Jorge Macêdo, aproveitou o encontro para entregar mais de 50 fotos impressas de todas as famílias da comunidade do Perdiz. “É um registro histórico que certamente ajudará na preservação da memória da comunidade”, afirmou o fotógrafo. Jorge ainda ministrou uma pequena palestra sobre técnicas de agricultura familiar, utilizando sementes de frutas e hortaliças para plantio comunitário.
A visita à comunidade do Perdiz também contou com a participação da técnica do Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Paulina Onofre, que conversou com a comunidade sobre mecanismos de preservação dos sítios arqueológicos da região.
“Em São Marcos estão alguns dos principais sítios arqueológicos do Estado, como a Pedra do Perdiz, a Pedra Pintada e a Pedra do Pereira, e o IPHAN está disposto a colaborar com as comunidades no trabalho de preservação destes patrimônios”, disse Paulina.
Para visitar a comunidade do Perdiz, a equipe do documentário contou com a parceria da Universidade Virtual de Roraima, Universidade Federal de Roraima, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Estúdio Biosphere Records, Fundação Nacional do Índio, Som Presentes e Panificadora Pão de Ló.
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